Para concretizar nossa visão de sistemas alimentares globais que nutrem as pessoas e o planeta, redobramos nossos esforços para promover a conservação de espécies de árvores indispensáveis por meio da adoção e uso em larga escala de abordagens agroecológicas, ao mesmo tempo em que geramos mais evidências sobre como as florestas e árvores contribuem para a alimentação humana.

Uma parceria de pesquisa que inclui três cientistas do CIFOR-ICRAF ganhou o cobiçado Prêmio Cozzarelli 2023 da Academia Nacional de Ciências, juntamente com outros cinco vencedores, em reconhecimento pela “excelência e originalidade científica”. Essa pesquisa ressalta a importância de diversificar a produção alimentar da África Subsaariana face à mudança climática. Por meio da Plataforma de Parcerias Transformadoras Nutri-scapes, o CIFOR-ICRAF está explorando formas de coexistência entre paisagens arbóreas silvestres e cultivadas para melhorar a segurança nutricional. 

A Plataforma de Parcerias Transformadoras da Agroecologia (AE-TPP) foi fundada na crença de que todos devem participar da transição para sistemas alimentares mais saudáveis ​​e sustentáveis. Em 2023, sua Comunidade de Prática cresceu até alcançar mais de 450 membros quando a AE-TPP anunciou inovações digitais, inclusive um formulário para qualquer pessoa “Falar com um Cientista” e o aplicativo One Million Voices of Agroecology, que permite aos usuários compartilhar suas experiências agroecológicas em um mapa interativo. A plataforma TPP também expandiu sua carteira de projetos, mediou sessões de alto nível na Semana Mundial da Água e na 78ª Assembleia Geral da ONU, e lançou uma consulta eletrônica aberta para rever os 13 princípios agroecológicos do HLPE com vistas a fazer menção explícita a fontes de alimentos aquáticos.

A Paisagem de Engajamento de Yangambi é o exemplo primordial da abordagem de “paisagens de engajamento” do CIFOR-ICRAF, na qual trabalhamos com partes interessadas nacionais e locais no longo prazo. Em 2023, com o apoio da Resilient Landscapes, uma parceria público-privada voltada para o desenvolvimento sustentável foi assinada pelo Ministro da Inovação Científica. Como parte do programa, foram plantados 710 hectares com mais de 500.000 árvores nativas e de rápido crescimento. Mais de 1.300 pessoas foram empregadas, e os resultados dos primeiros esforços para integrar a agrossilvicultura com a produção de carvão vegetal foram publicados. As equipes de agroecologia auxiliaram os produtores locais com sementes melhoradas e quatro pequenas e médias empresas obtiveram microcrédito pela primeira vez, produzindo mais 20.000 fogões aprimorados. Uma nova usina de cogeração de biomassa começou a produzir energia térmica e elétrica. Nossa atual parceria com a Universidade de Kisangani permitiu que 13 alunos de mestrado e 4 alunos de doutorado recebessem bolsas de estudo. Além disso, a Floresta Comunitária de Yalikandja-Yanonge, que cobre 12 000 hectares, recebeu aprovação formal do governo.  

Concluímos dois projetos complementares de destaque no Peru, consolidando uma abordagem chamada de agrossilvicultura “sob medida”, que definiu a política nacional de concessões agroflorestais (AgroFor) e embasou a concepção de um modelo inovador de consultoria rural para instaurar intervenções centradas nos produtores nas fronteiras de desmatamento (PARA). De forma complementar, no âmbito da Paisagem de Engajamento de San Martín, lançamos a plataforma de conhecimento sobre agrossilvicultura SMART, que foi declarada de interesse pelo governo regional. 

Em referência ao workshop que apresentou o Serviço de Assessoria Rural para Concessões Agroflorestais no encerramento do projeto PARA e lançou a plataforma SMART, Einar Telnes, Assessor para Mudança Climática e Silvicultura da Norad, afirmou: “Este foi um dos melhores e mais práticos eventos de que participei durante minha estada no Peru. Ele destacou uma combinação inovadora de ciência aplicada, administração prática de políticas e consultas e interações com as partes interessadas.

A Unidade de Recursos Genéticos desenvolveu duas novas ferramentas que visam tornar seu trabalho mais acessível aos produtores, gestores de terras e sociedade civil: um banco de genes virtual que permite aos usuários pedir sementes de qualidade testada de mais de 240 espécies de árvores da agrossilvicultura e o banco de dados Tree Globally Observed Environmental Ranges (TreeGOER), que prevê como a mudança climática pode afetar os locais onde as espécies de árvores irão florescer no futuro. Também firmamos uma parceria com a AFR100, prestando conhecimentos e ferramentas para assegurar que os investimentos em iniciativas de plantação de árvores não sejam desperdiçados, e promovemos nosso trabalho em viveiros de árvores inclusivos de gênero no Quênia e em Centros de Recursos Rurais coordenados por jovens na Etiópia.

Em 2023, nossa Equipe de Saúde do Solo e da Terra alcançou marcos significativos tanto a nível local como internacional, à medida que continuamos a desenvolver inovações em avaliações rápidas e robustas da saúde do solo, combinando amostragens de campo, espectroscopia de solo, aprendizagem por máquina e detecção remota para contribuir para o desenvolvimento de projetos de carbono, entre outros. Lançamos um novo projeto com a FCDO e o UK PACT para implementar soluções baseadas na natureza para a restauração da paisagem no Quênia, em colaboração com a African Wildlife Foundation e a FAO Quênia. Aproveitando o banco de dados do Marco Global de Vigilância da Degradação do Solo, abordamos a persistência de matéria orgânica no solo e fatores de função hidrológica com universidades parceiras. Juntamente com a Coligação de Ação para a Saúde do Solo (CA4SH), organizamos o Dia Mundial do Solo, na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 28) para demonstrar o papel imprescindível do solo nas crises do clima, biodiversidade e alimentos. Antes da COP 28, colaboramos com os Estados-Membros para assegurar que o conceito de melhoria da saúde do solo fosse incluído na Declaração de Sistemas Alimentares dos EAU. Por fim, acolhemos mais de 350 visitantes de universidades internacionais e organizações locais em nossos laboratórios de diagnósticos espectrais solo-planta e solos vivos, e esperamos compartilhar nosso trabalho com muitos mais.

O Pólo de Comércio, Desenvolvimento e Meio Ambiente do GCRF – que constatou que a demanda internacional por commodities agrícolas é responsável por 35% do desmatamento – lançou dois roteiros em 2023: um roteiro global para o comércio justo e sustentável de commodities agrícolas e fauna silvestre, e um roteiro nacional para um comércio justo e sustentável de óleo de palma na Indonésia. Em setembro, uma consulta às partes interessadas regionais centrou-se no comércio positivo para a natureza visando cadeias de suprimentos agrícolas sustentáveis e o desenvolvimento inclusivo na Ásia.